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London Pub apresenta uma semana inteira de jazz




De 21 à 26 de abril Porto Alegre vai viver uma semana inteira voltada ao jazz, com participação de grupos locais. O London PUB já vem incentivando a cena local há algum tempo, ano passado foram um dos bares oficiais do Porto Alegre Jazz Festival e agora com a chegada do International Jazz Day, prepararam essa maratona de boa música.

Não só aqui no Brasil, mas em qualquer lugar do mundo, a formação da cena local está diretamente relacionada com a curadoria de bares e casas de shows e ao seu apoio aos artistas, com cachês mais justos, divulgação estruturada e crescimento de ações. Há quem diga que a capital gaúcha já foi muito mais jazz, mas vemos hoje o renascer desse gênero em bares que tem apostado em artistas novos, culminando em 2014 no primeiro festival oficial da cidade, o Porto Alegre Jazz Festival.

O London PUB é um espaço perfeito para essa tal de "renascença" do jazz em Porto Alegre, cozinha de primeira, cervejas artesanais, mesas em frente do palco, bem no clima dos pequenos e acolhedores clubes de jazz europeus e americanos.

A maratona terá uma abertura especial com Ivone Pacheco, a "Dama do Jazz" e com o maestro e pianista Renato Borba apresentando seu projeto ‘’No Fio da Navalha’’.

Convidamos todos jazzlovers a comparecerem!

April in Poa!


Resultado do Sorteio JazzGig

Oi gente, no show da JazzGig anunciamos que sortearíamos o box de DVDs de Miles Davis e Charles Mingus e para nós, promessa é dívida!

Fizemos um sorteio no site Random.org e quem ganhou dessa vez foi a Raquel Camargo! Já enviamos um e-mail pra ela e em breve ela poderá curtir esse presentão em casa.

Se você não ganhou, não tem problema, pois TODOS os shows terão sorteio, mas só concorre quem estiver presente.



Obrigado e até a próxima!

Bruno Melo

JazzGig na Livraria Cultura



A segunda sessão do Jazz ao Sul, trouxe o grupo JazzGig para o palco da Livraria Cultura no dia 18 de maio e agradou os presentes. Fizeram um show de aproximadamente 1 hora, com o "Especial Miles Davis e John Coltrane", trazendo versões inusitadas, como a levada em samba jazz para "Impressions". O repertório contou com outros temas como "Blue Train", "Milestones", "Equinox", "Freddie Freeloader", "Mr. PC", "All Blues", "My Favorite Things", "So What" e ainda um tema que ficou mais conhecido com Miles Davis do que pelo criador Wayne Shorter, "Footprints". O grupo que completa 10 anos de estrada mostrou muita firmeza nos arranjos e com a inclusão, há não muito tempo, de Marcelo Figueiredo (Sax Tenor e Soprano), consolidaram um sexteto muito entrosado. A formação atual do grupo conta com Marcelo Campos (bateria), Rafa Capaverdi (guitarra), Leandro Hessel (piano), Marcelo Figueiredo (sax tenor e soprano), Chico Gomes (trompete) e Gustavo Pessota (baixo).

Queremos agradecer a todos que comparecerem, é muito importante a presença do público para fortalecermos a cena do jazz em Porto Alegre. Curtam as fotos, clicadas por Marcelo Stefani, do que rolou por lá e se quiser saber mais sobre os shows que o Jazz ao Sul promove, assine aí ao lado nossa newsletter. ;)

















Mojave na Livraria Cultura


O mês de abril foi marcado pela volta do jazz ao palco da Livraria Cultura de Porto Alegre, em parceria com o Jazz ao Sul. Serão duas datas mensais no auditório, apresentando o que de há de melhor no jazz local e em gêneros instrumentais, sempre de forma gratuita.

O primeiro encontro nesse aconchegante auditório foi em 25 de abril, com o grupo Mojave, um quarteto instrumental formado em 2006, que apresentou pela primeira sua nova formação. Os vocais “valvulados” da cantora Camila Pereira e seu carisma, dão uma brasilidade mais aflorada ao grupo, sem deixar de lado o improviso dos outros membros. No repertório, apresentaram o melhor da música brasileira, com arranjos afiados e surpreendendo ouvidos mais apurados com temas clássicos da música pop.

A formação do grupo conta com o guitarrista Zepa Pires, Marcelo Leal no baixo elétrico, Aleksander Kostylew nas teclas, Rubem Penz na bateria e Camila Pereira nos vocais. Leia a breve entrevista que fizemos com o Zepa Pires e assista o vídeo da música "Cobra Criada", tema de João Bosco interpretado pelo Mojave.




JAS - Depois de tanto tempo como um quarteto puramente instrumental, como foi a adaptação do grupo com a inclusão da Camila nos vocais?

ZP - Foi uma grande guinada, sem dúvida, pois vínhamos tocando temas compostos para um contexto instrumental, mas uma guinada muito estimulante e revigorante. No jazz, acho que a melhor forma de ver o vocal é como outro instrumento que se junta ao grupo (o mais belo deles!). Com isto em mente, permanecemos sendo efetivamente um grupo, passando longe de um esquema onde uma banda meramente "acompanha" uma cantora. A Camila também acha isto particularmente estimulante, pois ela é de fato uma musicista, cujo instrumento é a voz. Abre todo um conjunto de possibilidades para ela explorar. Sobretudo, por que é um contexto onde, mais do qualquer outro lugar, ela sempre vai ser valorizada por ser ela mesma, numa projeção mais plena de seu imenso talento. 

JAS - Como você enxerga a cena do jazz em Porto Alegre atualmente?

ZP - A cena de jazz em Porto Alegre ao longo dos anos tem se mostrado cíclica e, na minha opinião, estamos em um período de alta. Há lugares com espaço para o Jazz, como a Livraria Cultura, o Café Fon Fon, o Clio, o Six, o Espaço 512, o Insano, entre outros. Diria que é um momento especialmente positivo. Em termos de músicos, Porto Alegre sempre teve excelentes instrumentistas. O Rio Grande do Sul é o berço de muitos músicos de primeira linha e de fato temos sido exportadores de talentos. Finalmente, mas não menos importante, há produtoras interessadas em explorar este ótimo potencial, o que é muito bom. 


JAS - Quais os objetivos do grupo para esse ano, pretendem lançar algum álbum? 

ZP - O Mojave está explorando seus primeiros passos nesta nova configuração. O resultado tem sido muito gratificante. Nossos objetivos para este ano estão focados em intensificar a atuação do grupo, buscando um entrosamento cada vez melhor e, mais dos que tudo, um som que seja específico do grupo. Algo que as pessoas possam ouvir e identificar de imediato o Mojave. Não é uma missão fácil, mas é a meta principal. Outro idéia é voltar a explorar o lado composicional. O grupo vinha tocando temas próprios, misturados a temas de compositores de renome, mas nossas composições foram criadas com um enfoque mais instrumental. Talvez parte deste material possa funcionar bem recebendo boas letras. E, claro, fica a intenção de escrever novos temas, agora pensando no novo som. Quanto a gravar, diria que isto é uma consequência dos objetivos mencionados acima. Se o resultado do que buscamos mostrar que temos algo que faça sentido registrar, sem dúvida também vamos buscar este caminho. Não creio que conseguiremos chegar lá ainda este ano, mas quem sabe? :-)



Imagens: Pedro Henrique

Livro: Pixinguinha - Raridades e Redescobertas


No dia 23 de abril deste ano, Pixinguinha, um dos maiores compositores da música brasileira, completaria 115 anos de idade. Em comemoração à data, o Instituto Moreira Salles e a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo lançou o livro Pixinguinha - Inéditas e redescobertas, com 20 partituras. Organizada por Bia Paes Leme, coordenadora do acervo de música do Instituto Moreira Salles, Pedro Aragão, bandolinista e regente, e Paulo Aragão, violonista e arranjador, a publicação reúne 20 partituras, dentre elas nove inéditas e outras 11 há muito tempo inacessíveis ao grande público.





A série de partituras inéditas reflete períodos históricos e influências diversas da carreira musical de Pixinguinha (1897-1973), e pode ser dividida em diferentes conjuntos, segundo Pedro Aragão em seu texto de introdução ao livro. O primeiro, representado por composições que remetem à linguagem do choro do século XIX, foi produzido durante a juventude de Pixinguinha. No segundo conjunto, poderiam ser agrupadas músicas nas quais se nota a influência da efervescência cultural do Rio de Janeiro nas duas primeiras décadas do século XX, quando a então capital da República atraía populações de todas as partes do país e do mundo, reunindo influências musicais tão díspares como as da música nordestina e norte-americana. Um terceiro conjunto apresenta Pixinguinha em plena maturidade como compositor. São choros e valsas que facilmente poderiam ser enquadrados na categoria de clássicos por sua genial invenção melódica e coesão entre as partes.




Na categoria das redescobertas, foram encontradas jóias musicais ignoradas até hoje que revelam facetas pouco conhecidas do compositor. Trata-se de uma seleção de músicas cujas edições, em sua maioria das décadas de 1940 e 1960, encontravam-se esgotadas há muito tempo. Muitas das edições também traziam erros frequentes de melodia e harmonia. A seleção traz choros, valsas, tangos e outros gêneros, cuidadosamente revisados e harmonizados.

Fonte: Instituto Moreira Salles


Narco: O Jazz Adicto


Capa do livro
 Antes dos programas de reabilitação estarem disponíveis no estado e em eventos locais, viciados em drogas de todos os lugares dos Estados Unidos eram enviados para a infame Fazenda de Narcóticos em Lexington, Kentucky. Um livro da Abrams, The Narcotic Farm: The Rise and Fall of America's First Prison for Drug Addicts, conta a história desse lendário serviço, do início esperançoso como uma revolução filosófica na Lei Americana até seus mais turbulentos dias, forjado com revelações de controversos experimentos. Este excerto exclusivo revela como músicos de jazz, dos mais desconhecidos até os renomados, foram parar no Lexicon pra ficarem "clean" e no processo fazerem parte de um proeminente conservatório musical.


Entrada do Hospital
Em meados dos anos 1950, a Fazenda de Narcóticos em Lexington, tornou-se uma fraternidade de adictos assim como o epicentro da cultura de drogas na América. A trilha sonora da nova subcultura "junkie" era o jazz e o melhor do gênero do país era tocado em Narco.
Internos em uma apresentação
Heroína e jazz eram tão ligados que muitos artistas distintos da época - Cab Calloway, Dizzy Gillespie, Duke Ellington e outros - falavam amargamente à imprensa sobre como a droga estava devastando uma geração de músicos dotados e como esses músicos, desesperados por heroína, eram alvo fácil das forças da lei. Discutido de forma menos aberta por quem estava na cena era o fato de que alguns músicos, pressionados por leis draconianas da época, evitavam serem presos tornando-se informantes e ajudando a prender seus próprios amigos.

Sala de ensaio
Teatro do hospital
Ao longo do caminho muitos músicos passaram algumas semanas, alguns meses e mesmo anos no hospital para viciados Lexington. Na lista da Lex passaram nomes como: Chet Baker, Elvin Jones, Stan Levey, Jackie McLean, Red Rodney, Sonny Rollins e muitos outros. De fato, entre fãs de jazz a instituição virou como um "workshop" para praticantes. Nas ruas de Nova Iorque e Chicago a lenda era que alguns jovens músicos se deixavam ser presos e iam para notável instituição meramente pelo fato de ficarem perto dos mestres. Mesmo o persnogem de Frank Sinatra, "Frankie Machine" em The Man With The Golden Arm (1955) começa o filme contando entusiasmado aos amigos que acabara de sair do hospital Lexington. Depois de "clean" o personagem de Sinatra descreve Narco como um local de compaixão onde o regimento de tratamento acolhe o músico, um lugar onde os médicos da prisão encorajaram ele a tocar bateria como parte do tratamento.

Interno estudando
Este retrato de Hollywood é mais acertivo do que não é. Ao longo da história, Narco forneceu instrumentos aproveitáveis aos músicos, salas para prática e uma platéia de encarceirados, que completavam os 1.300 assentos do teatro da instituição para espetaculares shows, apresentando uma variedade de big bands e combos. Houve um tempo que haviam mais de meia dúzia de jazz combos se apresentando na instituição. Os shows eram uma fonte de alegria, para internos, empregados do local e mesmo locais que vinham para ouvir o jazz da cidade grande em pleno Kentucky.

Anônimo

Internos recebiam visitas mensais para dançar ao som da orquestra


"A primeira vez que fui lá eu ouvi Tadd Dameron, Sonny Stitt, Joe Guy e muitos outros...", relembra Byron Romanowitz, um músico da cidade de Lexington que assistiu diversas apresentações de jazz na prisão no final da década de 1940. "Sua Big Band era um grupo de estrelas, não há dúvida sobre isso."

Infelizmente, não existem gravações conhecidas das bandas de jazz da prisão Lexington. O único legado são as lembranças, fotografias e alguns takes de filme mudo. Mas por uma noite em 1964 o swing do jazz da Lex encheu de música as salas de estar do país inteiro. Uma orquestra formada por internos da Lexington se apresentou para nação no programa The Tonight Show de Johnny Carson. Foi a apresentação de mais alto nível na história das prisões americanas, mas a fama no mainstream durou pouco: As fitas da difusão foram acidentalmente apagadas décadas depois. Foi a melhor banda que você nunca ouviu.

- Nancy Campbell, JP Olsen, Luke Walden

Artigo extraído da revista Jazztimes.

Site oficial: http://www.narcoticfarm.com

Tradução: Bruno Melo

A Fadiga de Louis

Louis Armstrong, definitivamente mudou o curso da música com seus ataques brilhantes no trompete, sua voz rouca e cheia de malícia e seu incontrolável carisma. Um homem cheio de qualidades, parecia incansável com aquele sorriso esparso, mas mesmo as lendas se esgotam as vezes. 

Ele já tinha mais de 10 anos de carreira e mesmo assim seus trabalhos definitivos vieram muito depois, a partir da década de 40. Mas estamos nos anos 30 e certa vez em turnê para Europa, possivelmente devido a ganância de seu agente, foi levado a tocar dia após dia, sem descanso, o que resultou em um raro hiato em suas performances.

Já imaginou Louis não querendo nem ver um trompete pela frente? 




Leia abaixo um trecho de uma matéria  a respeito, publicada na Revista Dowbeat da época:

"Meus músculos faciais estavam acabados quando voltei da Europa", diz o "lábios-de-couro" e "bochechas-de-balão" Louis. "Meu agente me exigiu muito e eu estava tão cansado quando voltei que eu não queria nem mesmo ver meu trompete. E conhecidos (pops), ele não deixava nem mesmo os caras (cats) virem me ver no backstage, e você sabe como eu gosto de ver todo mundo."

Todos os músicos eram "cats" para Armstrong. Ele usualmente se dirigia a seus conhecidos como "pops" ou "gate".

Armstrong ficou descansando em Chicago, na casa de sua madrasta, esperando que o contrato com Collins expirasse.

"Meus músculos faciais estavam acabados quando voltei da Europa"


Sua inatividade e reclusão iniciaram uma série de rumores de que ele havia "perdido sua embocadura", que ele tinha cortado o lábio em dois, que sua esposa (Lil Hardin Armstrong) - agora liderando sua própria banda - estaria acabando com seus recursos para pagar a pensão alimentícia, e por aí vai. Músicos do mundo todo imaginaram que na verdade Louis sentia-se solitário.

"Meus músculos estão bons agora", Armstrong disse "e estou morrendo por suingar de novo. Me deram um novo trompete enquanto estive na Europa e tenho um bocal menor do que eu usava em meu antigo instrumento. E meu antigo primeiro-trumpete, Randolph, está fazendo grandes arranjos. Estou bem descansado e doido pra começar de novo".

Fonte: Downbeat edição de Junho de 1935.
Tradução: Bruno Melo