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Narco: O Jazz Adicto


Capa do livro
 Antes dos programas de reabilitação estarem disponíveis no estado e em eventos locais, viciados em drogas de todos os lugares dos Estados Unidos eram enviados para a infame Fazenda de Narcóticos em Lexington, Kentucky. Um livro da Abrams, The Narcotic Farm: The Rise and Fall of America's First Prison for Drug Addicts, conta a história desse lendário serviço, do início esperançoso como uma revolução filosófica na Lei Americana até seus mais turbulentos dias, forjado com revelações de controversos experimentos. Este excerto exclusivo revela como músicos de jazz, dos mais desconhecidos até os renomados, foram parar no Lexicon pra ficarem "clean" e no processo fazerem parte de um proeminente conservatório musical.


Entrada do Hospital
Em meados dos anos 1950, a Fazenda de Narcóticos em Lexington, tornou-se uma fraternidade de adictos assim como o epicentro da cultura de drogas na América. A trilha sonora da nova subcultura "junkie" era o jazz e o melhor do gênero do país era tocado em Narco.
Internos em uma apresentação
Heroína e jazz eram tão ligados que muitos artistas distintos da época - Cab Calloway, Dizzy Gillespie, Duke Ellington e outros - falavam amargamente à imprensa sobre como a droga estava devastando uma geração de músicos dotados e como esses músicos, desesperados por heroína, eram alvo fácil das forças da lei. Discutido de forma menos aberta por quem estava na cena era o fato de que alguns músicos, pressionados por leis draconianas da época, evitavam serem presos tornando-se informantes e ajudando a prender seus próprios amigos.

Sala de ensaio
Teatro do hospital
Ao longo do caminho muitos músicos passaram algumas semanas, alguns meses e mesmo anos no hospital para viciados Lexington. Na lista da Lex passaram nomes como: Chet Baker, Elvin Jones, Stan Levey, Jackie McLean, Red Rodney, Sonny Rollins e muitos outros. De fato, entre fãs de jazz a instituição virou como um "workshop" para praticantes. Nas ruas de Nova Iorque e Chicago a lenda era que alguns jovens músicos se deixavam ser presos e iam para notável instituição meramente pelo fato de ficarem perto dos mestres. Mesmo o persnogem de Frank Sinatra, "Frankie Machine" em The Man With The Golden Arm (1955) começa o filme contando entusiasmado aos amigos que acabara de sair do hospital Lexington. Depois de "clean" o personagem de Sinatra descreve Narco como um local de compaixão onde o regimento de tratamento acolhe o músico, um lugar onde os médicos da prisão encorajaram ele a tocar bateria como parte do tratamento.

Interno estudando
Este retrato de Hollywood é mais acertivo do que não é. Ao longo da história, Narco forneceu instrumentos aproveitáveis aos músicos, salas para prática e uma platéia de encarceirados, que completavam os 1.300 assentos do teatro da instituição para espetaculares shows, apresentando uma variedade de big bands e combos. Houve um tempo que haviam mais de meia dúzia de jazz combos se apresentando na instituição. Os shows eram uma fonte de alegria, para internos, empregados do local e mesmo locais que vinham para ouvir o jazz da cidade grande em pleno Kentucky.

Anônimo

Internos recebiam visitas mensais para dançar ao som da orquestra


"A primeira vez que fui lá eu ouvi Tadd Dameron, Sonny Stitt, Joe Guy e muitos outros...", relembra Byron Romanowitz, um músico da cidade de Lexington que assistiu diversas apresentações de jazz na prisão no final da década de 1940. "Sua Big Band era um grupo de estrelas, não há dúvida sobre isso."

Infelizmente, não existem gravações conhecidas das bandas de jazz da prisão Lexington. O único legado são as lembranças, fotografias e alguns takes de filme mudo. Mas por uma noite em 1964 o swing do jazz da Lex encheu de música as salas de estar do país inteiro. Uma orquestra formada por internos da Lexington se apresentou para nação no programa The Tonight Show de Johnny Carson. Foi a apresentação de mais alto nível na história das prisões americanas, mas a fama no mainstream durou pouco: As fitas da difusão foram acidentalmente apagadas décadas depois. Foi a melhor banda que você nunca ouviu.

- Nancy Campbell, JP Olsen, Luke Walden

Artigo extraído da revista Jazztimes.

Site oficial: http://www.narcoticfarm.com

Tradução: Bruno Melo

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