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Mojave na Livraria Cultura


O mês de abril foi marcado pela volta do jazz ao palco da Livraria Cultura de Porto Alegre, em parceria com o Jazz ao Sul. Serão duas datas mensais no auditório, apresentando o que de há de melhor no jazz local e em gêneros instrumentais, sempre de forma gratuita.

O primeiro encontro nesse aconchegante auditório foi em 25 de abril, com o grupo Mojave, um quarteto instrumental formado em 2006, que apresentou pela primeira sua nova formação. Os vocais “valvulados” da cantora Camila Pereira e seu carisma, dão uma brasilidade mais aflorada ao grupo, sem deixar de lado o improviso dos outros membros. No repertório, apresentaram o melhor da música brasileira, com arranjos afiados e surpreendendo ouvidos mais apurados com temas clássicos da música pop.

A formação do grupo conta com o guitarrista Zepa Pires, Marcelo Leal no baixo elétrico, Aleksander Kostylew nas teclas, Rubem Penz na bateria e Camila Pereira nos vocais. Leia a breve entrevista que fizemos com o Zepa Pires e assista o vídeo da música "Cobra Criada", tema de João Bosco interpretado pelo Mojave.




JAS - Depois de tanto tempo como um quarteto puramente instrumental, como foi a adaptação do grupo com a inclusão da Camila nos vocais?

ZP - Foi uma grande guinada, sem dúvida, pois vínhamos tocando temas compostos para um contexto instrumental, mas uma guinada muito estimulante e revigorante. No jazz, acho que a melhor forma de ver o vocal é como outro instrumento que se junta ao grupo (o mais belo deles!). Com isto em mente, permanecemos sendo efetivamente um grupo, passando longe de um esquema onde uma banda meramente "acompanha" uma cantora. A Camila também acha isto particularmente estimulante, pois ela é de fato uma musicista, cujo instrumento é a voz. Abre todo um conjunto de possibilidades para ela explorar. Sobretudo, por que é um contexto onde, mais do qualquer outro lugar, ela sempre vai ser valorizada por ser ela mesma, numa projeção mais plena de seu imenso talento. 

JAS - Como você enxerga a cena do jazz em Porto Alegre atualmente?

ZP - A cena de jazz em Porto Alegre ao longo dos anos tem se mostrado cíclica e, na minha opinião, estamos em um período de alta. Há lugares com espaço para o Jazz, como a Livraria Cultura, o Café Fon Fon, o Clio, o Six, o Espaço 512, o Insano, entre outros. Diria que é um momento especialmente positivo. Em termos de músicos, Porto Alegre sempre teve excelentes instrumentistas. O Rio Grande do Sul é o berço de muitos músicos de primeira linha e de fato temos sido exportadores de talentos. Finalmente, mas não menos importante, há produtoras interessadas em explorar este ótimo potencial, o que é muito bom. 


JAS - Quais os objetivos do grupo para esse ano, pretendem lançar algum álbum? 

ZP - O Mojave está explorando seus primeiros passos nesta nova configuração. O resultado tem sido muito gratificante. Nossos objetivos para este ano estão focados em intensificar a atuação do grupo, buscando um entrosamento cada vez melhor e, mais dos que tudo, um som que seja específico do grupo. Algo que as pessoas possam ouvir e identificar de imediato o Mojave. Não é uma missão fácil, mas é a meta principal. Outro idéia é voltar a explorar o lado composicional. O grupo vinha tocando temas próprios, misturados a temas de compositores de renome, mas nossas composições foram criadas com um enfoque mais instrumental. Talvez parte deste material possa funcionar bem recebendo boas letras. E, claro, fica a intenção de escrever novos temas, agora pensando no novo som. Quanto a gravar, diria que isto é uma consequência dos objetivos mencionados acima. Se o resultado do que buscamos mostrar que temos algo que faça sentido registrar, sem dúvida também vamos buscar este caminho. Não creio que conseguiremos chegar lá ainda este ano, mas quem sabe? :-)



Imagens: Pedro Henrique

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