Como havíamos prometido aqui vai o primeiro "Jazz Letrado", trechos de livros sobre jazz com aquela perfumaria básica pra embelezar a leitura! Aproveitem!
A Love Supreme por Ashley Kahn
Ouça enquanto lê!
A Love Supreme por Ashley Kahn
Ouça enquanto lê!
(pág. 94,95)
O underground do jazz se firmou, povoado por um número cada vez maior de músicos cujo som se eriçava com a mesma emoção abrasiva e espírito ardente presentes na música de Coltrane. “Músicos de sopro - especialmente saxofonistas - gravitavam em torno de Coltrane porque aprendiam com ele” explica Mccoy Tyner. “Como Pharoah Sanders, que se inspirava muito em um certo modo do que John tocava. Archie Shepp era outro.”

Outros porta-bandeiras tinham conduzido a vanguarda do jazz durante e depois dos anos 50: o tecladista e bandleader Sun Ra, o contrabaixista Charles Mingus, o pianista Cecil Taylor e, é claro, Ornette Coleman. Mas para a nova turma de músicos “de energia” (como seriam conhecidos), Coltrane ditava o ritmo em meados dos anos 60. Shepp observa:

Quando falamos de vanguarda, muito se inspirou no trabalho de John Coltrane, na minha opinião. Mas dando crédito a quem merece, Cecil já tinha se feito bem antes de ouvir Coltrane, e Ornette também. O que estou sugerindo é que Trane deu a esses caras uma espécie de credibilidade ao sintetizar suas ideias, botar um balanço e acrescentar espiritualidade. Coltrane era nosso líder - e continuou sendo.

Era tal a força coletiva dessa vanguada jovem que os críticos que utilizaram confortavelmente termos como “avant-garde” para Mingus e “free” para Coleman se renderam, abandonaram o antigo vocabulário e escolheram um nome que englobava os sons controversos que jorravam depois de Coltrane: “New Thing”. Apesar do ressentimento crescente de músicos que vinham do bebop para com os novatos, Coltrane encontrou inspiração nos músicos “de energia”, como relata Shepp:

Naquela época, acho que ele ouvia alguns músicos mais novos como uma forma de catalisar - porque ele já havia explorado muita coisa sozinho. Por exemplo, Albert Ayler o impressionou porque tinha uma formação religiosa muito forte com Coltrane, e Albert fazia coisas com o som e com o alcance do sax nas quais ele encontrou afinidade.

Archie Shepp no Radio Vinyle
John Coltrane com My favourite things
Sobre o autor: Ashley Kahn é jornalista de música, produtor de rádio e professor. É autor de Kind of Blue - A Obra-prima de Miles Davis e de That House That Trane Built: The Story of Impulse Records. Foi editor de música do VH1, editor da Rolling Stone: The Seventies e um dos principais colaboradores da Rolling Stone Jazz & Blues Album Guide. Vive em Fort Lee, New Jersey, nos EUA.
meeeuuu a partir de agora além de seguir no facebook, serei frequentador assidou do blog !!
ResponderExcluirTo aguardando desde já o "No Fundo de um sonho" do James Gavin, e pra ver coisas que ainda nao conheço.
Parabéns !